Datasus: Entre janeiro e fevereiro de 2021, um hacker “pichou” um sistema de formulários do Ministério da Saúde. “Lixo” e “excremento digital” eram as palavras usadas para se referir ao site. O invasor ameaçou vazar dados se nada fosse feito para melhorar a segurança.

Outro ataque hacker em 10 de dezembro de 2021, este de grandes proporções, resultou em um apagão de dados que deixou o país no escuro sobre a situação da pandemia durante mais de 1 mês. Foi o último de pelo menos 7 ataques cibernéticos sofridos pelo ministério desde o início do governo.

O ano de 2021, que começou e terminou com os crimes cibernéticos direcionados à pasta, também foi o de menor gasto do Datasus (Departamento de Informática do SUS) desde 2013, início da série histórica do Painel do Orçamento do Siop.

O gasto pelo Datasus em 2018 foi de R$ 287 milhões, em valores corrigidos pela inflação. Em 2021, quando houve o ataque hacker, passou para R$ 136 milhões. São considerados os valores efetivamente desembolsados.

Para o Ministério da Saúde, não há relação entre a redução e ataques cibernéticos. “Entendo que não [interferiu na segurança dos sistemas de dados] O sistema de pandemia a gente priorizou”, diz Merched Cheheb, diretor do Datasus. Leia aqui a entrevista que ele deu ao Poder360.

Cheheb afirma que a redução de gastos em 2021 tem relação com contratos investigados pelo TCU. Depois da identificação de riscos, diz, o valor de um dos contratos foi reduzido de R$ 100 milhões para R$ 40 milhões. “Nunca faltou recursos para TI ”, afirma. Sobre a redução nos outros 2 anos do governo Bolsonaro, afirmou não ter informações.

O médico Giliate Coelho, que esteve à frente do Datasus em 2015, tem opinião diferente. Diz que o corte de gastos pela metade reflete sucateamento do departamento. “Essa redução vem acompanhada de um conjunto de muitos incidentes de segurança. O gasto de TI do ministério é muito pouco, aquém do necessário. Não faz sentido que seja reduzido nos anos de pandemia”, diz.

DESPESA COM TI TAMBÉM CAIU

O Ministério da Saúde também executou uma redução nas suas despesas gerais com tecnologia de informação no período. Passaram de R$ 469 milhões em 2018 (em valores corrigidos pela inflação) a R$ 286 milhões em 2021, uma queda de 39%.

Os cortes de gastos de TI foram superiores aos que ocorreram no restante da administração federal.

O Executivo chegou a aumentar os gastos da área de R$ 5,9 bilhões em 2018 para R$ 6,2 bilhões em 2019. Em 2021, houve redução para R$ 5,5 bilhões, uma queda de 7% (muito inferior aos cortes de 39% no Ministério da Saúde) em relação a 2018.

O diretor do Datasus afirma que houve aumento no empenho (compromisso de pagamento) de recursos para segurança e de investimentos do departamento de 2020 para 2021. E que deve haver outro aumento em 2022.  “Aumentou o que estava previsto para investir. Foi de R$ 152 milhões para R$ 181 milhões em 2021“, diz.

De acordo com o Painel do Orçamento, o departamento empenhou um total R$ 239 milhões em gastos em 2021, número semelhante ao de 2020. Ambos os anos são os com menores níveis de empenho da série histórica iniciada em 2013.

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